Quando falamos em células-tronco, a grande maioria das pessoas pensa em medula óssea ou até mesmo em cordão umbilical. Mas você sabia que elas também são encontradas no sangue que circula no nosso corpo? Atualmente, a coleta de células-tronco a partir do sangue periférico tem substituído a coleta clássica de medula óssea e é uma alternativa ao sangue do cordão umbilical e placentário. Essas células são eficientes para tratar mais de 80 tipos de doenças do sangue, como leucemias, linfomas e talassemia, e por isso sua coleta e transplante salvam muitas vidas.
As células-tronco surgem antes mesmo do nosso nascimento, na fase embrionária, e migram para os ossos em desenvolvimento através da corrente sanguínea. Na medula óssea, são encontradas células sanguíneas em vários estágios de desenvolvimento, incluindo as mais primitivas, que funcionam como precursoras de várias linhagens de células maduras. Essa célula primitiva é chamada de progenitora ou célula-tronco. As células sanguíneas, especificamente, derivam de uma célula comum chamada célula-tronco hematopoética.
As células-tronco hematopoéticas podem ser encontradas no sangue periférico e coletadas com uma máquina de aférese, que separa um componente sanguíneo específico e retorna o restante à circulação. Apesar da grande maioria dessas células serem encontradas na medula óssea, elas podem migrar da medula de um osso para outra, o que permite que elas sejam coletadas. Em condições normais, essas células existem em número muito reduzido no sangue periférico, sendo necessário aumentar a sua quantidade para coletá-las. Esse fenômeno é denominado de mobilização, no qual o doador recebe uma medicação diariamente por cinco dias, com a coleta sendo realizada no quinto dia. A administração desse medicamento é bem tolerada e pode ser realizada ambulatorialmente.
Durante a coleta, o equipamento de aférese processa o sangue em um circuito extracorpóreo, separando os diversos componentes sanguíneos por métodos de centrifugação ou filtração. Em cada procedimento, aproximadamente 12 litros de sangue são processados, sendo esse o volume recomendado. A duração não é tão longa a ponto de causar desconforto ao doador, e os efeitos colaterais, quando ocorrem, são leves, como dores ósseas e cefaleia (dor de cabeça). A coleta deve transcorrer em ambiente agradável, onde os doadores possam conversar, assistir à televisão e contar com a presença de um familiar, se desejarem. Isso contribui com uma maior tranquilidade durante o procedimento, o que possibilita menos efeitos colaterais.
Em doadores saudáveis, não há dificuldades na mobilização das células para o sangue periférico; porém, em doadores que já foram tratados com quimioterapia ou radioterapia, a mobilização é mais difícil. Portanto, é importante que as células progenitoras sejam mobilizadas e coletadas o mais cedo possível, considerando-se a história cronológica do paciente. Além disso, é necessário verificar se o doador possui acesso venoso adequado e se os exames de sangue são satisfatórios. Grande parte das complicações relacionadas à coleta das células-tronco no sangue periférico deve-se à implantação de cateteres de longa permanência (cerca de 22% dos pacientes), o que pode causar infecções. Frequentemente, essas infecções são controladas com antibióticos.
Comparando a coleta de células progenitoras através de punção da crista ilíaca da medula óssea com o procedimento de aférese do sangue periférico, vemos que existem diversas vantagens no segundo método, o que têm contribuído no aumento do número desse tipo de coleta. Quando a célula é mobilizada e coletada do sangue periférico, não é necessária a anestesia geral e a internação, como é necessário no caso da punção; inclusive, quando o transplante for alogênico (ou seja, as células provêm de um doador saudável, seja aparentado ou proveniente de bancos de medula), o procedimento pode ser totalmente ambulatorial. A coleta em si é menos dolorosa, proporcionando maior conforto ao doador e ao paciente (no caso de transplante autólogo, com células do próprio paciente). Além disso, a coleta do sangue periférica é mais eficiente e seletiva, pois são realizados cálculos para chegar o mais próximo possível do número ideal de células-tronco, bem como de sua qualidade. Em alguns casos, há indicações específicas para a coleta por punção, no caso de pacientes com anemia aplástica por exemplo, mas na maioria das vezes a coleta por sangue periférico é possível.
De qualquer forma, nenhum procedimento é isento de riscos, por isso o envolvimento conjunto do médico e do hemoterapeuta é essencial. Devem ser consideradas as indicações, as contraindicações gerais e específicas, os efeitos de dose, as complicações e os efeitos colaterais de cada caso especificamente. Na H.Hemo, acreditamos no trabalho eficiente apoiado pela formação contínua da nossa equipe de profissionais e por equipamentos de alta qualidade. Por essa razão somos referência na mobilização e coleta de células-tronco do sangue periférico. Com esse transplante, é possível salvar muitas vidas com mais conforto e segurança para os doadores.