A Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu o dia 19 de junho como o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme, com o objetivo de dar visibilidade e reduzir as taxas de morbidade e mortalidade da doença. Mas você sabe o que é essa doença?
Com prevalência média de 1 entre 380 pessoas, essa doença, mais conhecida como anemia falciforme, é uma mutação genética que ocorre nos glóbulos vermelhos do sangue. Esses glóbulos são células arredondadas e elásticas que circulam por todo o nosso corpo com a função de transportar oxigênio para os tecidos e órgãos. As pessoas que nascem com a mutação apresentam esses glóbulos em forma de meia lua ou foice (por isso falciforme), o que faz com que seja difícil levar o oxigênio para o corpo, pois os glóbulos perdem a mobilidade e a flexibilidade para passar pelos vasos sanguíneos de menor calibre .
Estudiosos afirmam que a mutação ocorreu entre 70.000 e 150.000 anos atrás, como uma resposta do corpo ao agente da malária. Por isso, a doença é predominante no continente africano, onde , em certas regiões, 30% a 40% da população apresenta a mutação , mas tornou-se de caráter mundial com a emigração. No Brasil, cerca de 8% da população negra possui a doença, mas é importante esclarecer que pessoas brancas e pardas também podem ter a mutação, devido à intensa miscigenação historicamente ocorrida no nosso país.
Para ser uma doença genética e hereditária, é necessário que ambos os pais apresentem gene alterado da hemoglobina (proteína presente nos glóbulos vermelhos). Pessoas com traço falciforme são saudáveis e nunca desenvolvem a doença, mas podem passar para seus filhos. Sendo assim ambos os pais apresentam o gene alterado, a criança nascerá com a doença; mas se apenas um dos pais tem o traço, a criança também nascerá com ele, mas não desenvolverá a doença.
A anemia falciforme pode aparecer de forma diferente em cada indivíduo, alguns com sintomas mais leves e outros com mais graves. Os sintomas geralmente aparecem ao final do primeiro ano de vida da criança, sendo os mais comuns: crises de dor (frequentemente nos ossos e articulações), síndrome mão-pé (inchaço e dor nesses locais), palidez e icterícia (pele amarelada), feridas nas pernas, infecções e febre, atraso no crescimento e sequestro de sangue no baço (órgão que filtra o sangue, pode “roubá-lo” do corpo e levar à morte por falta de sangue nos órgãos). Não existe cura, mas pode ser tratada, dando uma qualidade de vida melhor para quem apresenta a doença.
O diagnóstico é feito através de um exame chamado eletroforese de hemoglobina. . Por isso, é muito importante que esse teste seja feito nas primeiras 24 horas após o nascimento do bebê. Quanto mais cedo o diagnóstico, mais cedo a criança terá um acompanhamento médico especializado, podendo levar uma vida sem complicações.